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Até quando você vai economizar o seu legado


Não vou falar aqui de heranças materiais, mas sim, do nosso legado de vida. E aqui entram os nossos carinhos não economizados, as palavras de incentivo que distribuímos, frases como “Eu te amo”, “Me orgulho de você”, “Você é especial”, “Desculpa pelo que fiz”, faladas sem medo, os gestos de ajuda, os momentos de presença completa, os ataques de riso, os sorrisos sinceros, os ouvidos atentos.


Tanta coisa mais inesquecível do que uma herança composta de bens e dinheiro, não é? Não estou dizendo que essas coisas não são importantes, elas ajudam, e muito, a ter uma vida mais leve, com menos preocupações. Isso é certo!

Mas tenho a impressão que andamos economizando a melhor parte de nós mesmos para sabe-se lá quando e sabe-se lá quem. Quando alguém vai embora pra sempre, o que ficam ou não ficam são as lembranças que ele deixou na vida dos que conviveram com ele.

Quando lembro do meu nono, por exemplo, sempre me emociono porque a companhia dele ainda me faz falta, mesmo depois de quase 10 anos de ausência. É isso que fica no final de tudo. Os apertos que eu dava na bochecha lisinha dele perguntando que creme ele usava na pele, as balinhas que ele nos dava toda vez que voltava pra casa, a alegria com que ele sempre nos recebia. Essa herança que ele me deixou não poderia ter sido mais rica!

Sabe o que mais andamos economizando nessa vida? O nosso talento, aquilo que fazemos bem e que nos enche de alegrias. Aquele trabalho que chega no outro como um carinho, sabe?

Muitas vezes, por insegurança ou por acharmos que ainda não estamos prontos, evitamos expor o nosso trabalho, a nossa ajuda profissional e até mesmo a nossa trajetória.


Temos vergonha, nos comparamos o tempo todo, ouvimos demais os outros e perdemos a oportunidade de deixar o nosso legado em vida mesmo.

Um legado baseado nas nossas experiências, que independentemente se chegamos ou não onde queríamos, já é uma história importante e que pode agregar a muita gente.

É a “herança” que você vai deixando através do seu trabalho, da sua amizade e das sua história, entende? É uma energia boa, é uma palavra que você falou ou escreveu que gerou uma atitude positiva em alguém, é ter escutado um amigo quando ele mais precisou.


Sabe a teoria da experiência do consumidor? Transfira ela para a sua vida pessoal. As pessoas com as quais você convive colecionam experiências com você e são essas que ficam marcadas no tempo. Preste atenção, é o seu legado que já está sendo distribuído!


Sabe como surgiu a inspiração para esse artigo?


Me lembrei de um fato engraçado que aconteceu comigo. Quem me conhece sabe que sou apaixonada por objetos antigos. Durante 37 anos, “namorei” uma sopeira que a mãe raramente usava. Eu via aquele objeto como uma joia rara. E, como tal, a mãe sempre dizia que me daria como herança. Aí, um belo dia, pra minha surpresa, ela me adiantou essa herança! Dei pulos de felicidade!

Na minha sogra, aconteceu algo parecido. De tanto eu falar que achava lindo uma porcelana antiga que ela tinha, ela me deu de presente. Considerei uma herança antecipada também! Mais pulos de felicidade!


Não é sobre materialismo, o assunto é sobre fazer as pessoas felizes hoje, antes que seja a sua última oportunidade. O melhor legado que podemos distribuir é a nossa companhia, o nosso talento e as experiências que deixamos nas memórias das pessoas. E tudo isso é hoje!


Por que guardar para o fim o que podemos deixar ao mundo hoje? Pare de economizar o seu legado e distribua ele todinho agora!

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