Hoje lembrei de uma poesia que meu pai me ensinou a decorar e a amar: Deus, de Casimiro de Abreu. Mas, ao contrário do que você pode pensar, não sou uma religiosa fervorosa, aliás, hoje estou mais para ateia do que pendendo para qualquer religião.
Por isso mesmo, posso ter lembrado dessa poesia, porque a falta de fé e a mania de achar que é tudo comigo pode ter me levando a buscar um pouco de leveza, para variar.
Delegar para a fé de vez em quando pode fazer bem. Afinal, não preciso ser forte o tempo todo e estar pronta para todos os desafios. Precisamos?
Um dia desses, há muitos anos, ouvindo um certo desespero na minha fala (e eu estava mesmo!), uma pessoa muito querida me falou uma frase que me tocou bem lá no fundo: “espera em Deus”. Achei lindo, mas, como sempre questiono tudo, principalmente assuntos ligados a religião, pensei: “como vou esperar em Deus e não fazer nada?” mesmo que a minha parte eu já estivesse fazendo.
Com o tempo, fui entendendo que ter fé não é só acreditar e delegar tudo para Deus ou outro ser superior da sua crença. É acreditar que não estamos sozinhos nas nossas lutas. É crer que coisas boas podem acontecer sem a nossa interferência direta.
Acho que cansei de ser tão autossuficiente e essa poesia me trouxe um aconchego necessário para os próximos capítulos (da minha vida e do meu livro). Obrigada pai! Faço questão de dividir essa poesia com todos que lerem esse artigo:
Eu me lembro! Eu me lembro! Era pequeno E brincava na praia; o mar bramia,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia,
A branca espuma para o céu sereno.
E eu disse a minha mãe nesse momento:
“Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver de maior do que o oceano Ou que seja mais forte do que o vento?”
Minha mãe a sorrir, olhou pros céus
E respondeu: Um ser que nós não vemos,
É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão, meu filho, é Deus.
Casimiro de Abreu
E você, delega para a fé de vez em quando?
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